O lado obscuro (e prazeroso) do sexo feminino

domingo, 7 de outubro de 2012

Fenômeno literário faz mulheres reviverem lado misterioso do amor


Seja pela sociedade em que fomos acostumados a viver, onde a mulher sempre fez o seu papel de dona de casa, esposa exemplar e muitos cuidados aos filhos, ou pela condição de ser teoricamente frágil, o sexo no universo feminino continua sendo um tabu na casa das melhores famílias. O jeito é recorrer às medidas alternativas, como os livros da série Cinquenta Tons, que tem causado muita polêmica por aí.
Após a década de 60, com a chegada da pílula anticoncepcional, a mulher tomou mais posse do seu próprio corpo e conquistou uma mera liberdade sexual, que sempre teve que deixar guardado para si. E quando, em alguns momentos da história, surgem materiais com esse conteúdo, a espontaneidade do lado sexual feminino estoura. A verdade é que a revolução começou faz tempo e só agora dá seus ares em público.
O mundo manjado dos homens que podíamos assistir nas telonas até alguns anos atrás era sempre a mesma: o personagem principal, algemado, esperando a garota “gostosa” o levar para o paraíso. Isso ficou conhecido pela humanidade como a liberdade da mulher, e o que de fato prova-se nestes últimos tempos ser uma fantasia masculina falsa na perspectiva feminina.  Hoje, essa mulher sabe o que quer na cama e é capaz de assumir os mais diversos papéis visualizando não somente o prazer do seu parceiro, mas também do seu próprio. “A mesma mulher que gosta de bancar a dominadora com um cara, pode exercer o papel de submissa de outro. A excitação feminina não é estática.”, afirma a antropóloga Mirian Goldenberg a reportagem da Veja.
Ao contrário do que se diz, o estado de submissão de Anastasia Steele perante o sadomasoquista Christian Grey é bem diferente de violência sexual, uma vez que o personagem principal se sente extremamente atraído pela mocinha, emocionalmente. Fora das quatro paredes, ele é o príncipe que protege a princesa. “O desejo de ser dominada sexualmente por um homem bonito, que a respeita e corteja, é a mais comum das fantasias”, diz a psicóloga Randi Gunther. De acordo com ela, isso se tornou uma novo tipo de poder. Em palavras mais extensas, a mulher adora ter a sensação de que aquele homem só sentirá tal nível de prazer estando em sua companhia. E alguma moça ou senhora negaria que isso lhe dá realmente prazer?
Em 2006, uma pesquisa da universidade canadense McGill, utilizou sensores para medir a temperatura do corpo de homens e mulheres enquanto viam imagens pornográficas, e constatou que elas são muito mais sensíveis e que se excitam tão rapidamente quanto eles. Na Universidade de Nevada, nos EUA, a psicóloga Marta Meana colocava um óculos capaz de acompanhar o movimento dos olhos durante uma cena sensual. Os homens apenas viam o corpo e rosto da mulher enquanto as mulheres dividiam a atenção para os dois.  Fitavam o rosto masculino e depois o corpo feminino, admirando o fascínio dele por ela. “A pesquisa provou que o desejo da mulher não está só atrelado à intimidade com o parceiro, mas também à necessidade de se sentir desejada.”, explica.
Apesar de “submissão” e “dominação” serem termos fortes e darem uma conotação um tanto quanto machista ou violenta, os fatos que vem ocorrendo com a leitura de Cinquenta Tons tem libertado esse lado sexual que pouquíssimas mulheres tem coragem de assumir e ainda mais importante, tem feito com que elas se conheçam ainda mais. É como um relatório romanceado com pimenta que muitas delas desejam poder fazer. Algumas inclusive estão experimentando coisas novas, novas formas de se dar prazer, e até mesmo, “ensinar” ao companheiro o que querem na cama, de que forma querem. Hoje uma mulher pode afirmar que gosta de ser subjugada no sexo. “Há mais liberdade e independência do que isso?”, questiona a psicanalista Regina Navarro Lins.
A verdade é que todas as mulheres podem ser uma Anastasia: femininas, românticas, charmosas, atraentes... E que todas desejam ter um Christian: bonito, atencioso, preocupado, protetor e extremamente ardente entre quatro paredes. Restam dúvidas?


Leia as críticas de Cinquenta Tons de Cinza e Cinquenta Tons Mais Escuros e também o post especial sobre as Fantasias Eróticas e a Imaginação


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